Olá.
Hoje enquanto lia a Selecções do Reader's Digest vi um artigo deveras interessante e que falava de um alimento que a verdade seja dita sou um pouco alérgico. Cá vai ele então:
A verdade acerca do peixe que comemos
Sempre ouvi dizer que o peixe fazer bem à saúde. Mas será assim? E poderemos ter a certeza de que sabemos o que estamos a comer?
Para o olhar leigo, um pedaço de peixe pode não ser muito diferente a qualquer outro. E a cor, a forma e a textura do peixe e de outras espécies marinhas podem ser alteradas pelas técnicas modernas de processamento até ficarem irreconhecíveis. Já alguém se pergunta do que são feitos os Douradinhos?
Podemos então ter a certeza de que o peixe que temos no nosso prato é o que realmente pensamos? Até há pouco tempo, a resposta era não. Contudo, actualmente, graças às regulações cada vez mais apertadas promovidas pela União Europeia, que visam o melhoramento dos testes científicos e uma maior vigilância das cadeias de supermercados e dos produtores, as probabilidades de o nosso bacalhau ser realmente bacalhau e de a nossa pescada ser verdadeiramente pescada são consideravelmente (nada de 100% de certezas) maiores.
No entanto, o peixe continua a ser o alimento mais comercializado em todo o mundo, rendendo cerca de 130 mil milhões de dólares por ano (e este valor é uma estimativa), e fiscalizar o mercado inteiro é uma tarefa gigantesca quase impossível. Uma investigação recente mostrou que nem no coração da União Europeia, na cantina onde comem os próprios legisladores, o peixe é sempre aquilo que deveria ser
PORQUE É QUE O PEIXE NEM SEMPRE NOS FAZ BEM?
De acordo com o professor Chris Elliot, especialista em segurança alimentar na Queen’s University, em Belfast, na Irlanda do Norte, cada vez mais pessoas têm alergia a peixe. A mim em vez de peixe, é o dinheiro. Tenho uma alergia que ele até desaparece da minha vista!
Além disso, o peixe que come pode ser prejudicial, mesmo que não seja alérgico. Em Itália, descobriu-se que os peixes-balão, que contêm toxinas potencialmente fatais, estavam a ser usados como substitutos das lulas. Estás a ver o porquê de não gostar de lulas Maria?
E o escolar-preto, que substitui muitas vezes o atum, pode causar graves problemas gastrointestinais a algumas pessoas. «Parece atum e sabe a atum. A única diferença é que o escolar contém uma espécie de substância cerosa, que é venenosa para um grande número de pessoas. Acreditamos que há muitos casos de envenenamento por escolar em todo o mundo», diz o professor Elliott. Normalmente, o envenenamento demora algum tempo a dar sinal: há um intervalo de cerca de 48 horas entre o consumo do peixe e o desenvolvimento dos sintomas. «É muito atípico nas intoxicações alimentares», afirma o professor Elliot. «Se nos sentimos doentes de manhã, associamos a indisposição àquilo que comemos na noite anterior, mas como a intoxicação por escolar é protelada por dois dias, tendemos a culpar outra coisa qualquer.» sinceramente ao ler este artigo começo a ficar meio lelé porque se gosto de Atum neste momento começo a perder o apetite.
E eis que vem o Pangasius, um peixe com muitas caras
Se houvesse um prémio para a imitação de peixes, o peixe-gato vietnamita, de nome próprio Pangasius, ganharia essa competição. Numa investigação conduzida pelo Oceana, um grupo que defende a conservação dos oceanos, descobriu-se que este habitante do mar, com forma de pá, já passou por cerca de 18 espécies diferentes de peixe em todo o mundo, incluindo linguado, solha e halibute. Além disso, a sua carne branca, com um sabor suave, e a sua capacidade de se dar bem em condições que matariam outras espécies, tornaram o Pangasius numa escolha popular e barata na última década. E infelizmente é o que todos queremos!!
Por todo o mundo – e para o seu prato
A grande maioria do peixe processado é capturada no oceano Atlântico por navios noruegueses e russos. A bordo destes barcos, as cabeças e as entranhas dos peixes são removidas antes de estes serem congelados. Depois, são levados para a China, onde são descongelados em gigantescas fábricas de processamento e onde equipas de milhares de mulheres os transformam em filetes, à mão – porque o fazem melhor do que as máquinas, além de ser mais barato. O peixe em filetes é então novamente congelado em blocos de 7,5 quilos e enviado para enormes armazéns frigoríficos na Coreia do Sul. Dali, os blocos são vendidos, até chegarem às empresas que fazem as barrinhas de peixe ou as empadas. «Está tudo relacionado com economias de escala», resume o professor Elliott, que acredita que a longa rota de processamento facilita a substituição do peixe. Pois!!
Recebe aquilo por que pagou?
Um estudo realizado na Alemanha em 2015 concluiu que cerca de metade das amostras vendidas como «linguado» eram, na verdade, peixes de menor valor. Que bom!! Pagar por uma coisa que não é.
Em Espanha, em 2014, descobriu-se que a pescada sul-africana, de menor valor, estava a ser vendida como se fosse a mais cara pescada europeia. No Reino Unido, a associação de defesa do consumidor Which? investigou as lojas de fish and chips do país, descobrindo que a arinca era vendida como se fosse bacalhau, que é mais caro, e o badejo era vendido como se fosse arinca, bastante mais cara. Resumindo a Arinca parece as cuscas lá da minha rua. Estão metidas em tudo.
Para os negociantes fraudulentos, este é um jogo lucrativo e relativamente livre de risco. Mas nem sempre: em 2015, no Reino Unido, o empresário Michael Redhead foi condenado a seis meses de prisão, e a sua empresa foi multada em 50 mil libras, depois de tentar fazer passar um tipo de robalo por outro, enganando o retalhista de congelados Iceland, e uma empresa de processamento de alimentos, que era um dos seus fornecedores. Ufa, até pensei que isto se tinha passado em Portugal. Já estava a estranhar.
Num nome pode haver mais do que pensa
Ao viajarmos pela Europa, temos de nos habituar aos diferentes nomes que os diferentes países atribuem ao peixe que conhecemos e de que gostamos. Contudo, os problemas surgem quando o nome local de um peixe abarca algumas variedades diferentes, especialmente porque a União Europeia autoriza os estados-membros a usarem os seus próprios nomes comerciais para os peixes.
Por isso, se comprar em França, pode estar a comprar uma de seis espécies diferentes: pescada, escamudo, juliana, nonoténia marmoreada, paloco-do-pacífico ou marlonga-negra. Isto pode originar problemas maiores do que uma simples confusão. Um estudo realizado na Grécia mostrou que pescada, bacalhau, escamudo e badejo eram todos apelidados de bakaliaros, apesar de algumas destas espécies apresentarem maiores riscos de provocar alergias do que outras.
Pesca acessória? Não existe tal coisa...
NorthSeaChefs é uma iniciativa belga que tenta promover o consumo de espécies menos conhecidas e de captura acidental. Com fundos da União Europeia e do governo flamengo da Bélgica, esta iniciativa tenta convencer chefes, cozinheiros amadores e restantes membros da indústria alimentar de que há uma enorme variedade de peixes que tem sido erradamente desvalorizada. O argumento é simples: «Temos de aprender a comer o que os pescadores apanham, e não ficar apenas com o que comemos, deitando fora tudo o resto.» Porque não experimentar?
Pois o problema é que as pessoas só começam a enveredar por espécies alternativas devido ao que cada coisa pesa na certeira porque de resto tudo se mantinha igual. Basta andar às compras para comprovar isso mesmo.