Boas.
Agora que se está a chegar ao Carnaval achei por bem falar do Natal. E acima de tudo porque agora foram reveladas as despesas que as câmaras tiveram neste período. Cá vão alguns exemplos:
Cidade do Porto
Em primeiro lugar, o circo da praxe. A cidade contratou o circo Mundial Mariani por 6.346 euros. Também para os mais novos, a autarquia comprou bilhetes para o espectáculo “A Bela e o Monstro” para todos os alunos do ensino básico das escolas públicas e gastou com isso 43.290 euros. Para os aposentados dos Serviços Sociais da Administração Pública a autarquia organizou um almoço que custou 22.585 euros. Os outros não comem nesta altura!
Com a instalação de iluminações decorativas e infra-estruturas eléctricas de suporte, o Porto gastou 87.646 euros. Quanto aos cabazes de Natal, o único que aparece discriminado é o que a autarquia deu à empresa de águas do município e que custou 24.200 euros. Nada como dar umas comidinhas para acompanhar as águas! Foram, então, 192.297 euros.
Cidade de Lisboa
A primeira conta refere-se à compra de bilhetes para “Um Conto de Natal”, que a câmara de Lisboa adquiriu por 8.130 euros para o INATEL. Seguem-se os custos com as iluminações: no Lumiar gastaram-se 25 mil euros, em São Vicente a iluminação custou 23.438 euros, para a Penha de França foram 18.600, para o Parque das Nações 16.260 mil e para as Avenidas Novas 31.150. Mas isto é apenas uma parte da factura das iluminações, já que Fernando Medina admitiu que os gastos com a iluminação natalícia na cidade rondava os 700 mil euros, mais do dobro do valor orçamentado no ano passado. Depois, vêm os jantares. A conta da Navegação Aérea de Portugal, foi de 24 mil euros. Já o jantar dos trabalhadores das Avenidas Novas ficou-se pela metade, 10.275. O catering para as festas dos Serviços Sociais da Administração Pública custou 40.543 euros e o jantar do Instituto de Medicina Molecular ficou-se pelos 5.070 euros. Os trabalhadores da freguesia de Santa Maria Maior gastaram, num jantar, 8.200 euros e, em catering para almoços, 14.740.
Os cabazes também pesam nas contas da festa. O da freguesia de Benfica custou à câmara 9.120 euros, o de Santa Maria Maior ascendeu aos 12.787 euros, o da Misericórdia foram 16.467 euros e os oferecidos às Avenidas Novas 14.670. O da EPAL – Empresa Portuguesa de Águas Livres foi o mais caro: custou 60 mil euros — e, pela descrição, foi tudo gasto em bacalhau. Quem pagou? O otário, ou seja nós todos.
O tradicional Circo de Natal custou à autarquia 14.317 euros, mas também houve concertos de música clássica, teatro e muitos gastos com a logística de organizar tudo isto. A animação de Natal na Freguesia de São Domingos de Benfica custou 11 mil euros, apesar de o custo da organização e agenciamento de artistas aparecer discriminado separadamente por 53.150 euros. A câmara gastou ainda dois mil euros com a narração do projecto de teatro pedagógico “Música nas Férias de Natal” e 2.500 euros com a direcção musical da mesma.
Mas a anedota continua.
Em agências de viagens e transportes para esta época, a EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural gastou 6.060 euros e mais 7.500 por uma interpretação das sinfonias de Mozart no São Luiz.
A freguesia de Santa Maria Maior aparece como a única que distribuiu cartões-ofertas nesta quadra — gastou 23.250 euros com cartões para os colaboradores da freguesia e mais seis mil com cartões para famílias carenciadas. 23 mil para os funcionários e quem precisa 6 mil. Isto sim, isto é que se chama dividir. Para os filhos dos trabalhadores da freguesia seguiram ainda brinquedos no valor de 16.284 euros. E agora para uma coisa completamente diferente: o “Guia para um Natal Saudável”, em formato de infografia digital, custou 3.400 euros e a Casa Pia apresentou à câmara uma conta de mil euros em frutos secos.
Contas feitas, quase meio milhão de euros — 489.835 euros.
Matosinhos
O almoço de Natal dos aposentados dos Serviços Sociais da Administração Pública da cidade custou 4.300 euros e o dos aposentados da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo 9.513. Além da festa, os trabalhadores da APDL receberam 25.800 euros em cartões Dá Natal. Ainda bem que os municípios estão cheios de dinheiro.
Os custos com o aluguer de tendas para a Aldeia de Natal custou 5.766 euros e a iluminação, sempre o recibo maior, fixou-se nos 74.950 euros, um dos valores mais altos do país. Matosinhos gastou, no total, 120.329 euros com a quadra natalícia. No ano anterior, a conta tinha-se fixado nos 76.274 euros.
E como foram estes locais, a lista continua por esse país fora num total de muitos milhões de euros. Agora que escrevi estas linhas, vou pegar na minha pá e sachola e vou ver onde estão os diamantes no meu quintal. Acho que é o que está a acontecer neste país.