Olá.
Que esteja tudo bem aí por esses lados. Daqui a pouco vou sair de casa para ir receber o prémio do EuroMilhões. Ainda não vi o meu boletim, mas depois de ler os aumentos (alguns) que o Governo nos quer aplicar quase de certeza que devemos estar todos milionários. Cá vão então uns pequenos exemplos:
Como o Costa quer angariar mais umas lecas entre impostos sobre sal, açúcar e álcool, a proposta de Orçamento do Estado para o ano prevê aumentos que podem, em certos casos, fazer duplicar o preço de certos artigos.
É o que poderá acontecer com o Sunquick, por exemplo. No caso deste concentrado de sumo de frutas, a alteração do imposto sobre as bebidas açucaradas pode significar um aumento de preço na casa dos 80%.
As bebidas também são um dos potenciais alvos de agravamentos de preços em resultado da subida do IABA ( e não é dos Flinstones que falo que diziam Iabadabadoo mas sim de mais um imposto sobre o álcool, as bebidas alcoólicas e sobre, desde 2017, as bebidas adicionadas de açúcar e outros edulcorantes). Nas bebidas alcoólicas e nos refrigerantes, o agravamento do imposto não mexe muito nos respetivos preços que como se sabe já foram alvo de um roubo, desculpem de um aumento há pouco tempo, mas no que respeita aos concentrados, a reformulação da respetiva taxação, promete pesar substancialmente no bolso dos otários, enganei-me outra vez, dos consumidores.
Como exemplo o Sunquick, um dos concentrados de sumo de fruta mais vendidos (e que o meu sogro consumia como gente grande), pode quase duplicar de preço. Um frasco dos grandes desse concentrado custa actualmente cerca de 5 euros. De acordo com a reformulação do imposto, este produto pode passar a custar no próximo ano cerca de 9,15 euros. Ou seja, mais 4,15 euros ou mais de 80% a mais face ao preço que vigora actualmente.
Nas restantes bebidas com açucar, que começaram a ser alvo de IABA em 2017, os danos sobre o preço são mais limitados já que o Governo pretende aumentar em 1,5% esse imposto. Um exemplo, no caso da Coca-Cola cuja composição ultrapassa 80 gr de açúcar por litro, o preço praticamente pouco altera. Um pack de 12 latas (de 33 cl, cada) passa a custar 8,29 euros após a mudança do imposto. Ou seja, apenas mais um cêntimo face aos 8,28 euros atuais.
Acontece o mesmo com as bebidas alcoólicas. O imposto sobre a cerveja, as bebidas espirituosas e os vinhos licorosos deverá subir em 2018, em torno de 1,5%, segundo o proposto pelo Governo no OE. Já as bebidas espirituosas, nas quais se inclui gin e vodka, por exemplo, a taxa de imposto aplicável também vai sofrer um aumento, mas de 1,4%.
Mas a principal novidade da proposta de OE 2018 em termos de impostos sobre o consumo é a introdução de um imposto sobre os alimentos com elevado teor de sal, uma medida em que o Governo estima arrecadar 30 milhões de euros no próximo ano a serem consignados a programas de promoção de saúde. Claro que o Estado não quer saber do dinheiro, só da saúde de todos nós. Fui convincente?
O novo imposto será de 80 cêntimo por quilo e tem como alvo as bolachas, biscoitos, batatas fritas e desidratadas e flocos de cereais, quando estes alimentos tiverem mais de um grama de sal por cada 100 gramas de produto.
No caso de um pacote de 500 gr de cereais corn flakes da Kellogg’s, que custa atualmente 2,89 euros no Continente, após a aplicação da taxa do sal e do IVA, o preço sobe para 3,38 euros. Trata-se de um aumento de 17,02% ou de 49 cêntimos.
Já um pacote de batatas fritas de 170 gr Ruffles que custa atualmente 1,45 euros, poderá ver o respetivo preço subir em 11,5% ou 17 cêntimos, para os 1,62 euros. Também os snacks e as bolachas não fogem a este novo imposto. No caso, das bolachas de água e sal não constitui particular surpresa, mas o mesmo poderá não acontecer com a tradicional bolacha Maria que em diversos casos também ultrapassa a dosagem de um grama de sal por 100 gr de produto. Numa embalagem de 300 gr de bolachas Maria da marca Vieira, dividida em 12 doses individuais, esse limite mínimo é ultrapassado. O preço atual dessa embalagem é de 2,20 euros, sendo que após a nova taxa e o IVA o seu preço sobe para 2,50 euros. Ou seja, fica 30 cêntimo.
Pringles
Estes snacks de batatas (190 gr) têm na sua composição uma porção de 1,3 gr de sal por cada 100 gr, o que significa que também é alvo do novo imposto. O preço da embalagem passa a ser de 2,54 euros, quase 8% acima do preço atual: 2,35 euros. Ou seja, são mais 19 cêntimos em cada embalagem.
Se estas propostas fossem acima de tudo uma preocupaçãocom a nossa saúde até nem era mau, mas basicamente é mais uma fonte de receitas e quem se lixa mais uma vez são os consumidores. O que se está a tornar engraçado é que os nossos salários estão a nível de uma Roménia mas os nossos produtos em certas coisas já são superiores a uma Alemanha.