Sexualidade em ponto pequeno
Olá.
Aqui há uns tempos fui com a minha filha ao hospital. E como a mãe estava a acompanhar a pimpolha, eu tive que ficar na sala de espera. E a verdade seja dita, o tempo de espera foi mínimo, o atendimento muito bom e a recuperação melhor ainda.
Mas o que me leva a escrever este texto é que enquanto estava no secretariado, noutro guichet estava uma senhora com a sua filha que pretendia que a miúda fosse atendida, porque suspeitava que a pequena estava grávida. Foi então referido à senhora que a mesma teria que ir para o serviço de Pediatria do Hospital de São João porque em causa estava uma criança com 13 anos e por isso teria que ser vista na Pediatria.
Embora a minha filha vá a caminho dos 4 anos, deu-me um click porque o tempo passa a voar. E do que vejo a nossa sociedade é erotizada precocemente.
Há 30 e tal anos quando eu era miúdo a sexualidade nas televisões estava centrada nuns beijinhos e pouco mais. Mas hoje em dia as cenas de sexo estão presentes em quase todo o lado e a qualquer hora.
Falando com várias pessoas e ouvindo várias conversas parece-me que as famílias por norma parecem compreender a importância da educação sexual em algumas temáticas, mas depois receiam a abordagem noutras.
Muitas vezes, nós enquanto família ficamos assustados quando nos dizem que deve falar de concepção com as crianças de nove ou dez anos e muitos de nós fazem orelhas moucas a este assunto, mas depois ficamos em pânico quando as meninas são férteis aos 9-10 anos e que correm imensos riscos mesmo que seja só por brincadeiras que são exploratórias e inocentes. O brincar aos médicos foi tema para quase todos os miúdos!
A educação sexual existe nas nossas escolas, mas em momento algum substitui as orientações da família.
Compreendo, que nós enquanto família possamos temer que a educação sexual roube os valores da infância aos miúdos e que com isso se incentive à sexualidade precoce. Mas existem vários estudos, que referem o adiamento da atividade sexual em jovens que participam em programas de educação sexual.
Mas muitas vezes existe uma confusão sobre o conceito de sexualidade, porque a maior parte das pessoas ainda acha que falar de sexualidade é falar exclusivamente de sexo, de relação em si. Mas cada criança é única e educar para a sexualidade deve ser um processo contínuo. É uma aprendizagem constante como em várias vertentes da vida.
É que se não formos nós a comunicar em casa, alguém cá fora o fará por nós e nem sempre na melhor vertente.
Em pleno 2018, vejo que muitos pais não sabem ou nem conseguem falar com as suas filhas já quase adolescentes de um tema tão natural como o período, que para muita gente ainda é algo nojento e que não se fala até acontecer.
Mas, se as famílias não se disponibilizarem para conversar, as dúvidas irão permanecer e muitas vezes de forma errada.
A nossa sociedade hoje em dia tem a pornografia disponível 24 horas por dia, a erotização precoce em todos os meios, temos notícias de violência sexual e de género e tudo isto são áreas que devem ser abordadas num programa de educação sexual que capacite e proteja os mais pequenos.
Não sou perito nesta matéria, mas daquilo que vejo enquanto Pai, é que a educação sobre esta matéria tem que ser dada de uma forma constante, para que possamos educar da melhor maneira possível.