Curiosidades
Boas.
Hoje enquanto estava a ver a Net deparei-me com um livro que achei uma certa piada. O mesmo chama-se Cem Mitos sem Lógica e que fala em ideias e tradições que passam de geração em geração e que nem sempre estão correctas.
Quando se acorda com uma borbulha na testa, imediatamente vem à memória o chocolate comido no dia anterior. Vamos à casa de banho do trabalho e gastamos meio rolo de papel higiénico para forrar o tampo da sanita para nos proteger dos germes perigosos que lá habitam. Mas como estas, muitas outras situações ocorrem no nosso dia-a-dia que poderão ser mudadas até porque com os conhecimentos que vamos adquirindo as coisas mudam. Mas cá vai então:
Ler com pouca luz prejudica a nossa visão?
Embora o Verão esteja aí à porta, está um dia chocho com chuva lá fora e não apetece meter-se no centro comercial? Está cobertinho no sofá e não apetece sair daí? Pois bem pegue num livro da cabeceira e toca a ler, mas será que a pouca luz dá cabo dos olhos? Sei que a frase da pouca luz dar cabo do olho não é muito feliz mas é o que saiu.
Afinal, quantas vezes ouvimos os nossos pais a dizer “vais dar cabo dos olhos se te pões a ler às escuras”? E realmente até parece ter a sua lógica. O olho precisa de luz para ver; quando esta é pouca o esforço é maior e isto causa danos. Só que afinal parece que não é bem assim.
A visão é um sentido muito sofisticado e o olho tem uma extraordinária capacidade de adaptar-se ao meio ambiente que nos rodeia. As pupilas dilatam se há pouca luz, e voltam a contrair quando a luminosidade aumenta.
Os problemas de visão têm sobretudo origem na morfologia do olho (esta frase é complicada, morfologia do olho. Hummm!), altamente condicionada pela herança genética. No entanto, factores ambientais, como brincar ao ar livre, focar num horizonte longínquo em vez de próximo previne o aparecimento de miopia (má visão à distância). Pensa-se que é esta relação que explica a grande epidemia de má visão à distância, que afeta a população jovem mais propriamente na Ásia. Trata-se de toda uma geração que está a crescer enfiada nos quartos a jogar no tablet ou a mandar mensagens no telemóvel, em que o olho só exercita a visão numa curta distância.
A média luz pode dificultar a focagem, o que a curto prazo pode significar fadiga do olho. “Mas não há evidência científica de que ler no escuro provoque quaisquer danos nos olhos, a longo prazo”, explicou à publicação de notícias médicas WebMD o oftalmologista Richard Gans. O que pode acontecer, devido a este esforço, é aumentar a secura, já que se pestaneja com menos frequência. Um desconforto, como é óbvio, mas que não causa danos na estrutura ou na função do olho. E sempre que isto acontecer, podem usar-se os banais lubrificantes oculares, que fica o problema resolvido.
Mesmo sem causar danos, é conveniente ter alguns cuidados na leitura: a luz deverá ser opaca e estar apontada diretamente para a página, uma vez que o brilho torna mais difícil ver o material de leitura, aumentando o cansaço. Se estiver a ler uma revista esta situação é mais complicada porque devido ao brilho desse papel, a intensidade será maior. É também por esta razão que deve manter a luz do ecrã do computador bem ajustada, sem muito brilho, fazer pausas ao longo do dia, em intervalos de uma hora, hora e meia, e ainda ter em mente que deve piscar os olhos com frequência, para manter o conforto ocular.
Usar o telemóvel numa bomba de gasolina é perigoso?
O sinal de proibido usar telemóvel está em quase todas as bombas de gasolina e costuma ser respeitado. Afinal, não é brincadeira nenhuma, e quem quer arriscar desencadear uma explosão numa estação de serviço? Não vale dizer que a sogra está lá!!
Os incêndios nas bombas de gasolina são um acidente bastante raro, mas acontecem. Tudo indica é que pouco têm que ver com a radiação dos nossos telemóveis. Num dos seus episódios mais emblemáticos, os protagonistas do programa de televisão Myth Busters que passa entre nós no Discovery Channel, (em que se testa a validade de rumores e dos muitos mitos urbanos) tentam a todo o custo provocar um incêndio com um telemóvel, mas sem sucesso. O mesmo aconteceu quando uma equipa do programa de televisão americano Good Morning America tentou a proeza. Aliás, não há qualquer registo de incêndios em bombas de gasolina causados pelo uso de um telemóvel no Petroleum Equipment Institute (organização americana da indústria do petróleo) – porque, na verdade, a radiação emitida é demasiado fraca para desencadear o que quer que seja, mesmo num ambiente inflamável, carregado de vapores de gasolina como umas bombas. Por isso a vossa sogra está safa!
Mas enquanto se enche o tanque de combustível, outra coisa pode surgir: a eletricidade estática – uma descarga elétrica resultante de um desequilíbrio de eletrões na superfície de um material, sendo a origem mais comum o contacto seguido de separação de materiais. A humidade do ar, a área de contacto e a velocidade da separação, tudo isto influencia o aparecimento da faísca.
Quando se entra e sai do carro, com a sola do sapato a passar pelo tapete, pode gerar‑se eletricidade estática com uma intensidade de 10 a 20 mil volts, uma tensão suficiente para causar faísca e provocar um acidente. Só nos Estados Unidos da América, terão sido 158 casos, até 2017, de acordo com os dados do Petroleum Equipment Institute. Portanto, o melhor a fazer, quando está a abastecer, é evitar entrar e sair do carro a meio do processo. De acordo com a produção do programa Myth Busters, depois do dito episódio sobre fogos em bombas de gasolina, os acidentes diminuíram para um terço. Mesmo assim, não custa nada deixar o telefone no carro enquanto enche o depósito. Permite‑lhe estar mais atento à estática e, já agora, aos outros carros em circulação. Ou melhor ainda, dizer à sua sogra que ia a conduzir e não ouviu a chamada!
Beber vinho por cima de melancia para a digestão
Quem é que nunca ouviu o ditado: Melancia, água fria. Melão, vinho bom?
Pois bem, quantas não terão já sido as festas de verão em que um convidado de copo de vinho na mão passa a vista pela mesa e, ao olhar para a melancia, arrepende-se e lança antes a mão livre às batatas fritas? Qual a razão por detrás deste medo e porque pensamos nós que juntar melancia e vinho resultará em morte certa? Este medo expressa‑se de diferentes formas, sendo a mais famosa, a mistura transformar‑se numa espécie de rolhão no nosso estômago.
Este mito baseia‑se em grande medida na ideia de que o nosso organismo não é amigo de certas combinações alimentares, podendo algumas delas modificar quimicamente um dos alimentos combinados, e resultar assim em consequências digestivas graves. A dietista Tamara Freuman dissipa esse mito no seu artigo Debunking the Myth of Food Combining. Neste artigo, Freuman diz aquilo que a química alimentar nos ensina: que a grande maioria dos alimentos é quimicamente inerte e que, portanto, dificilmente conseguiremos fazer qualquer combinação alimentícia que nos seja letal. A página de bem‑estar da Universidade da Califórnia, uma plataforma online que divulga informação sobre bem‑estar baseada em evidência, publicou um artigo intitulado The Food‑Combining Myth, no qual realça o facto de o nosso sistema digestivo ser perfeitamente capaz de processar todo o tipo de combinações alimentares. Uma determinada combinação alimentar perfeitamente inofensiva para alguns poderá ser ligeiramente polémica para outros, porque todos temos fisiologias diferentes, mas não temamos brindar ao verão com um copo de vinho numa mão e uma fatia de melancia na outra.
Assim vou até ali comer uma fatia de melancia acompanhado de um suminho não vá o Diabo tecê-las. O trabalho e Eu também não combinamos muito bem, mas aguenta-se!