De barriga cheia e de cabeça vazia
Portugueses jantavam em família. Agora jantam a olhar para o ecrã
Inquérito online promovido pela marca Iglo junto de cerca de 4.500 portugueses revela dados preocupantes. Não só em termos sociais como também no plano dos hábitos alimentares.
A hora de jantar sempre foi uma 'hora sagrada' da cultura portuguesa caracterizada, regra geral, pela reunião da família onde o convívio e a partilha de experiências são aprofundados. Costumava ser assim...
Agora, os portugueses escolhem jantar com a atenção colada à televisão ou ao telemóvel. Um estudo revela que 98% dos portugueses janta, pelo menos, cinco vezes por semana com a televisão ou telemóvel ligados.
Estas conclusões foram retiradas de um inquérito online promovido pela marca Iglo junto de 4.469 portugueses, de Norte a Sul do país, com uma média de agregado familiar de três pessoas.
De acordo com os dados identificados, os portugueses sentem agora necessidade de estar atentos ao telemóvel ou ao televisor durante a hora de jantar. Este hábito não tem só efeitos no campo das relações entre as pessoas, também influi na área dos comportamentos alimentares.
Zélia Santos, presidente da Associação Portuguesa de Dietistas (APD) e membro do Conselho Executivo do Movimento 2020, esclarece que "o momento da refeição deve ir muito além da sua função nutricional, dada a conotação social e cultural que a alimentação" tem nas vidas dos portugueses.
"Cozinhar e conviver à mesa, na companhia de familiares e amigos, fomenta o bem-estar e cria condições para uma alimentação correta e consistente. Por exemplo, a mesa é o cenário ideal para passar às crianças a importância de fazer uma alimentação equilibrada e criar apetência pelas escolhas mais saudáveis", acrescenta a responsável.
Desta forma, e face aos resultados, "ao ritmo a que se vive, a hora de jantar torna-se no momento privilegiado para as famílias se reunirem e conversarem".
"Ao ocupar espaço com o telemóvel ou a televisão, há uma probabilidade acrescida de estarmos a tornar a refeição numa ingestão indiscriminada de alimentos e a perder o prazer do convívio, que é um dos conceitos em que assenta a Dieta Mediterrânica", termina Zélia Santos.
E para além de todas estas questões, acho que se perde a convivência entre as pessoas. Há famílias que parecem que falam por códigos onde só se ouvem grunhidos ou o Sim ou o Não. Eu gosto muito de ver televisão mas não troco isso por momentos em que se possa conviver com aqueles que gosto. Mas o mesmo se aplica a redes sociais como Facebook’s e por aí fora onde as pessoas tem trezentos amigos mas vivem quase em solidão. Mas se hoje em dia é assim, o que acontecerá daqui a dez anos?