De caixão à cova
Cruzes credo.
Hoje venho falar de negócios que são um bocado de caixão à cova. Sempre ouvi dizer que em terra de cego, quem tem olho é Rei. Pois apresento de seguida um grupo que teve olho. O problema foi quando apareceu alguém que via dos dois olhos. Vamos lá então:
O negócio que se vivia no cemitério de Portimão. Um trocadilho giro; vivia e cemitério!!
Cinco coveiros e o seu chefe revendiam o mármore das campas do cemitério. Um processo disciplinar ditou o afastamento por três meses do mentor do esquema. Havia o bando dos cinco. Aqui era o bando dos seis!
O esquema já tinha um tempito, mas só agora é que motivou a abertura de um processo disciplinar por parte da Câmara de Portimão: cinco coveiros municipais e o respectivo chefe, o encarregado do cemitério, tinham um negócio paralelo de venda do mármore das campas, que era transaccionado assim que era feita a exumação dos corpos. Eles lá pensaram, já que o pessoal vai mudar de casa, deixa vender o «apartamento».
Segundo informações recolhidos por quem sabe, quando se completavam os anos de sepultura legais e os restos mortais eram desenterrados, o responsável pela equipa de coveiros, tratava então da revenda das pedras das campas, designadamente a familiares de pessoas que tivessem falecido há pouco tempo, por valores compreendidos entre 200 e 250 euros.
O responsável ficou, assim, conhecido como intermediário e facilitador de um esquema em que toda a gente acabava por lucrar: os proprietários dos mármores, regra geral, 100 euros; o coveiro a quem fossem atribuídos os trabalhos de exumação facturava cerca de 60 euros; e o restante ficava para o encarregado do cemitério municipal. Só existia um pequeno problema: era tudo feito sem a autarquia saber como é óbvio, já que teria direito a conservar na sua posse os materiais não reclamados pelas famílias dos mortos, bem como a definir o seu destino.
Mas bastante original é que o encarregado chegou a passar recibos pelos serviços prestados após o levantamento das ossadas.
Devido a uma denúncia do que se estava a passar no cemitério, a Câmara de Portimão, abriu um processo disciplinar que resultou em 90 dias de suspensão para o encarregado e afastamento com pena suspensa para os coveiros.
Ou seja quem for desses lados e tiver algum familiar para enterrar convém arranjar umas pessoas para abrirem o buraco porque senão depois do choro ainda tem direito a uma sessão de ginásio!!