Que mal dividido que isto está
Boas.
Ontem ao passar na porta do supermercado vi uma imensa quantidade de comida deitada ao lixo e revoltou-me porque para além dos preços serem mais caros para se pagar isto tudo, as empresas deitam coisas ao lixo que podiam perfeitamente serem aproveitadas pelas pessoas mais necessitadas. Sei também, que muitas pessoas que precisam de ajuda são mais esquisitas que eu, mas infelizmente o ditado que diz que Deus dá as nozes a quem não tem dentes, cada vez mais se aplica a muita gente. E digo isto porque neste fim-de-semana vi uma peça com uma fotografias que me emocionaram bastante. O artigo falava de uma bebé esfomeada que «servia» para mostrar a crise alimentar na Síria.
Esta bebé síria, vítima de desnutrição, é pesada numa clínica na cidade de Hamouria, nos arredores de Damasco.
Sahar Dofdda pesava menos de dois quilos na altura em que foram tiradas as fotografias. A mãe, igualmente mal nutrida, não foi capaz de a amamentar; e o pai, por sua vez, não tinha qualquer capacidade para adquirir leite nem quaisquer suplementos.
A AFP, que partilhou as imagens, escreveu que só nos últimos três meses mais de mil crianças sofreram de desnutrição aguda na região oriental de Ghouta, segundo dados cedidos pela UNICEF. Outras 1.600 estão em risco. De referir que dezenas de milhares de civis na zona de Ghouta vivem limitados tendo em conta o bloqueio imposto pelas forças leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad. Cerca de 3,5 milhões de pessoas vivem, na Síria, em áreas sitiadas ou de difícil acesso.
Apesar de os hospitais públicos estarem a começar a funcionar lentamente, depois de terem sido severamente danificados na sequência da guerra civil, em todo o país há grave escassez de pessoal médico. A isso acrescenta-se ainda o facto de áreas que estiveram na linha da frente do conflito, como Raqqa, estarem contaminadas com “minas, explosivos não detonados e armadilhas explosivas”, armas que visam não só combatentes, mas também civis. São bombas armadas em bules de chá ou em ursinhos de peluche.
Sei que não é por escrever estas linhas que a situação se resolve, mas não ficaria bem comigo mesmo se deixasse passar isto em claro.